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A Síndrome de Burnout e sua Classificação como Doença Ocupacional pela OMS
No início de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um anúncio significativo a comunidade global de saúde ocupacional: a Síndrome de Burnout foi oficialmente reconhecida como uma doença ocupacional.
Este reconhecimento é um marco na compreensão das doenças relacionadas ao trabalho e destaca a importância de abordar o bem-estar mental no ambiente de trabalho.
O Que é a Síndrome de Burnout?
Primeiro vamos entender o que é Síndrome de Burnout. A Síndrome de Burnout é um distúrbio emocional caracterizado por sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultantes de situações de trabalho desgastantes.
Comum entre profissionais que atuam sob pressão constante e responsabilidades elevadas, a síndrome pode levar a sérias complicações de saúde mental e física se não for tratada adequadamente.
Os estudos sobre burnout começaram a se multiplicar a partir dos artigos de Freundenberger (1974, 1975), apesar de não haver sido ele o primeiro a falar e se utilizar deste termo para se referir ao esgotamento físico e mental, bem como aos transtornos comportamentais observados em profissionais da área da saúde.
Porém, sem dúvida alguma, seus artigos figuram como um marco e desencadearam inúmeros outros trabalhos em todo o mundo, ocasionando um impacto no meio científico e organizacional. Através das pesquisas, o burnout foi se modificando e ampliando sua dinâmica.
Comportamento Síndrome de Burnort
A Síndrome de Burnout é definida por alguns autores como uma das consequências mais marcantes do estresse profissional, e se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional).
Um em cada três trabalhadores são portadores da Síndrome de Burnout, uma doença pouco conhecida que provoca esgotamento físico e mental e atinge profissionais que trabalham diretamente com pessoas, principalmente na área da saúde, segurança e educação.
Os dados compõem um estudo feito pela Associação Internacional para o Cuidado com o Stress (Isma), que coloca o Brasil como o segundo país do mundo com maior número de portadores, atrás apenas do Japão, onde 70% dos empregados desenvolveram a doença. Entre os 5 e 15 anos de carreira, a pessoa está mais suscetível a desenvolver a doença. Muitas vezes seus sintomas podem ser confundidos com o estresse.
Como diz Dejours (1992), o trabalho nem sempre possibilita crescimento, reconhecimento e independência profissional, pois muitas vezes causa problemas de insatisfação, desinteresse, irritação, exaustão.
Definida como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante com o trabalho, essa doença faz com que a pessoa perca a maior parte do interesse em sua relação com o trabalho, de forma que as coisas deixam de ter importância e qualquer esforço pessoal passa a parecer inútil.
Diferença entre Síndrome de Burnout e Estresse
Os autores que defendem a Síndrome de Burnout como sendo diferente do estresse, alegam que esta doença envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e trabalho, enquanto o estresse apareceria mais como um esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito e não necessariamente na sua relação com o trabalho.
Entretanto, julga-se que essa Síndrome de Burnout seria a consequência mais depressiva do estresse desencadeado pelo trabalho.
Sintomas e Diagnóstico
Os sintomas da Síndrome de Burnout incluem cansaço excessivo, dor de cabeça frequente, alterações no apetite, insônia, dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança, negatividade constante, alterações repentinas de humor, isolamento, fadiga, pressão alta, dores musculares e problemas gastrointestinais.
O diagnóstico é feito por um profissional especialista após análise clínica do paciente.
Ela apresenta três dimensões: a exaustão emocional (o profissional perde o interesse pelo que faz e passa a ver no cliente ou usuário a origem de seus problemas), a despersonalização (trata as pessoas como coisas ou objetos) e a propensão ao abandono da carreira ou falta de realização profissional.
Alguns estudos apontam uma preponderância do transtorno nas mulheres, possivelmente devido à dupla carga de trabalho que concilia a prática profissional e a tarefa familiar. E com relação ao estado civil, tem-se associado a síndrome mais com as pessoas sem parceiro estável.
Impacto da Classificação da OMS
Com a inclusão da Síndrome de Burnout na Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS, os trabalhadores agora têm direitos trabalhistas e previdenciários assegurados, semelhantes aos de outras doenças relacionadas ao emprego.
Isso inclui o direito ao afastamento por licença médica, estabilidade e, em casos mais graves, à aposentadoria por invalidez.
O conhecimento desta síndrome é de especial importância não só para a classe de profissionais em que há maior risco de incidência da mesma, mas principalmente para aqueles que desenvolvem suas atividades em áreas de segurança no trabalho, médicos e mais especificamente psiquiatras e psicólogos.
Pereira (2002) defende que conhecer a síndrome e pôr em prática estratégias de prevenção e intervenção faz-se imprescindível, sobretudo no mundo atual, onde as exigências por produtividade, qualidade, lucratividade, associadas à recessão, vêm gerando maior competitividade e, consequentemente problemas psicossociais.
Sabe-se que inúmeras baixas trabalhistas, bem como os altos índices de absenteísmo e rotatividade nas empresas, dão-se principalmente por causa do estresse e burnout.
Conclusão
A decisão da OMS de classificar a Síndrome de Burnout como doença ocupacional é um passo importante para a saúde dos trabalhadores em todo o mundo. Ela serve como um lembrete da necessidade de equilibrar trabalho e vida pessoal e de criar ambientes de trabalho que promovam a saúde mental e física.
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