Pára-Raios: O Descaso Que Pode Custar Caro

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O assunto de hoje é sobre Pára-raios e o descaso que envolve isso. Especialistas do setor são unânimes: é preferível não ter pára-raios a dispor de um equipamento mal-instalado ou com manutenção deficiente.

A negligência e a falta de informação em relação aos pára-raios são tão perigosas quanto amplamente disseminadas entre os gestores de condomínios. No Rio de Janeiro, em apenas um
mês de verão, chegam a cair entre 5 e 10 mil raios sobre a cidade.

No entanto, apesar de se tratar de uma questão de segurança, ainda não há uma cultura efetiva de prevenção. É hora de começar a pensar no assunto.

O maior exemplo do descaso e da falta de informação a respeito dos pára-raios é a
situação dos equipamentos que usam fontes radioativas.

Desde 1989, a fabricação e a instalação desses equipamentos foram proibidas. Pesquisas nacionais e internacionais comprovaram que o uso das fontes radioativas era tão eficaz quanto
o primitivo pára-raios criado por Franklin.

Contudo, a Resolução n.º 4/89 da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) deixou para as autoridades municipais a decisão a respeito da substituição dos sistemas radioativos já
instalados.

Passados 12 anos, Priscila Mendes Zidan, do Laboratório de Tratamentos de Rejeitos Radioativos do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), fala do resultado: “Dos cerca de 70 mil pára-raios fabricados com captores iônicos radioativos, foram coletados e entregues à Cnen aproximadamente 15 mil”, calcula.

Pouco mais de 20%, portanto, contra cerca de 80% de aparelhos ainda por substituir. No Rio, só oito anos após a proibição, tornou-se obrigatória a substituição dos captores iônicos, por meio do Decreto Municipal n.º 16.204/97.

O decreto fixou em dois anos o prazo para substituição, mas o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), responsável pela coleta no Estado do Rio de Janeiro, tem contabilizado uma média de apenas 200 pára-raios recebidos anualmente.

Segundo Priscila, “o pior é a coleta do amerício 241 e posterior abandono em qualquer lugar que não seja o depósito de rejeito radioativo do IEN”, lamenta. “É fundamental que, ao contratarem empresas para substituir os captores antigos, os síndicos exijam nosso carimbo, comprovando a entrega da fonte radioativa ao Instituto de Engenharia Nuclear.

Caso contrário, nem o IEN terá controle de possíveis riscos de contaminação, nem o condomínio terá garantia de que foi realizado inteiramente o serviço contratado”, conclui (ver box).

Manutenção inteligente

As normas vigentes para a fabricação de pára-raios no Brasil estão reunidas na mesma NBR 5.419 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que
recomenda a manutenção anual do equipamento.

Mas o Decreto Estadual n.º 897/76, que exige a instalação de pára-raios em todo prédio que tenha mais de 30 metros de altura, é omisso na questão da obrigatoriedade de manutenção regular.

Prato cheio para toda sorte de negligência. Nelson Dias, gerente de uma empresa especializada na comercialização e instalação de equipamentos de segurança, há 30 anos no ramo, diz que “é preferível não ter pára-raio nenhum do que ter um mal-instalado ou sem manutenção”, sentencia. “Já vi verdadeiros absurdos nas andanças que a gente faz para manutenção ou vistoria.

Há casos de cordoalha cortada, interrompida. Ou seja, havendo uma descarga atmosférica, fatalmente vai ocorrer uma explosão naquele ponto onde a cordoalha foi interceptada, causando danos à edificação.

Existem casos de antenas de TV em cima da caixa-d´água, em prédios que não dispõem sequer de pára-raios. Por causa disso, um condomínio em Nova Iguaçu teve a estrutura de alvenaria de sua caixa-d´água atingida por um raio.

Foram 30 mil litros de água descendo pelas escadas do prédio, entrando nos apartamentos, jorrando para o poço dos elevadores, um verdadeiro estrago”, relata.

A remoção pura e simples da pastilha de Am-241contida nos equipamentos antigos é outro problema sério, segundo Dias. “O sistema de proteção contra descargas atmosféricas oferecido pelo pára-raios de Franklin é diferente do radioativo.

Portanto, ao providenciar a retirada do captor radioativo, é necessário fazer um redimensionamento da área a ser protegida. Muitos condomínios e até órgãos públicos só trocam o captor, tornando apenas parcial a proteção de toda a área da edificação”, conclui.

Algumas dicas para a substituição de pára-raios radioativos

  • Solicitar o serviço de remoção e transporte a empresas especializadas, acompanhado de reavaliação sobre o sistema de proteção do equipamento.
  • Para maior segurança, solicite ao Corpo de Bombeiros uma avaliação e vistoria do sistema de pára-raios do condomínio, para tranqüilizar-se a respeito de laudos fornecidos pelas empresas.
  • Fazer contato com o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) para toda e qualquer informação sobre o manuseio adequado do material radioativo (tel. 21 2560-4113 e site na Internet www.ien.gov.br) .
  • Exigir comprovante de entrega do material radioativo, com carimbo do Instituto de Engenharia Nuclear.

Itens que devem ser vistoriados periodicamente para a segurança predial

  • Esticamento da cordoalha (cabo de cobre nu de 35 mm que desce do topo do prédio até o aterramento, no térreo).
  • Isoladores defeituosos (peças que guiam a cordoalha até o solo, mantendo-a distante da edificação uns 20 cm).
  • Solda exotérmica ao longo da cordoalha (recomendável no lugar de conectores mecânicos por permitirem melhor fluxo da descarga elétrica).
  • Aterramento de todas as massas metálicas no topo do prédio ao captor do pára-raios (antenas de TV e rádio, grades etc.).
  • Vistoria da caixa de medição, no térreo.

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